Apoiadores de Bolsonaro invadem palácio presidencial, Congresso e Supremo Tribunal Federal

BRASÍLIA -Apoiadores do ex-presidente de extrema-direita do Brasil Jair Bolsonaro no domingo invadiu o Congresso do país, o palácio presidencial e a Suprema Corte, em um eco sombrio da invasão do Capitólio dos EUA há dois anos por fãs do ex-presidente Donald Trump.
presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Bolsonaro na eleição mais disputada em uma geração no ano passado, anunciou uma intervenção de segurança federal em Brasília com duração até 31 de janeiro. Ele culpou Bolsonaro pela invasão e reclamou da falta de segurança na capital, dizendo permitiu que “fascistas” e “fanáticos” causassem estragos.
Todos os desordeiros serão identificados e punidos, Lula disse, enquanto se comprometeu a erradicar os financiadores do movimento. Lula estava longe da capital, em viagem oficial ao estado de São Paulo.
A visão de milhares de manifestantes vestidos de amarelo e verde se rebelando na capital culminou meses de tensão após a votação de 30 de outubro. Bolsonaro, um acólito de Trump que ainda não admitiu a derrota, divulgou a falsa alegação de que o sistema de votação eletrônica do Brasil era propenso a fraudes, gerando um movimento violento de negadores das eleições.
A invasão representa um problema imediato para Lula, que tomou posse apenas em 1º de janeiro e prometeu unir uma nação dilacerada pelo populismo nacionalista de Bolsonaro. Imagens de televisão mostraram manifestantes invadindo a Suprema Corte e o Congresso, entoando slogans e quebrando móveis. A mídia local estimou que cerca de 3.000 pessoas estiveram envolvidas.
Bolsonaro, que mal falou em público desde que perdeu a eleição, trocou o Brasil pela Flórida 48 horas antes do fim de seu mandato e esteve ausente da posse de Lula.
As cenas de violência em Brasília podem ampliar os riscos jurídicos para Bolsonaro, que até agora não comentou as invasões. O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Suprema Corte foi saqueada pelos ocupantes, segundo imagens nas redes sociais que mostravam manifestantes quebrando as janelas do edifício modernista.
Um policial a cavalo foi cercado por manifestantes aos gritos armados com paus que o derrubaram de sua montaria.
O governador de Brasília, Ibaneis Rocha, disse à Reuters que todas as forças de segurança foram mobilizadas para enfrentar os manifestantes. Posteriormente, ele escreveu no Twitter que havia demitido seu principal oficial de segurança, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.
A Embaixada dos EUA em Brasília alertou os cidadãos americanos para evitarem a área até novo aviso.
“A violência não tem lugar em uma democracia”, escreveu Douglas Koneff, encarregado de negócios dos EUA em Brasília, no Twitter. “Condenamos veementemente os ataques às instituições dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Brasília, o que também é um ataque à democracia. Não há justificativa para esses atos!”
No sábado, com rumores de confronto se formando, o ministro da Justiça, Flavio Dino, autorizou o envio da Força Nacional de Segurança Pública. No domingo, ele escreveu no Twitter, “essa tentativa absurda de impor a vontade pela força não prevalecerá”.
Os líderes latino-americanos foram rápidos em condenar as cenas.
“Toda minha solidariedade a Lula e ao povo do Brasil”, tuitou o presidente colombiano Gustavo Petro. “O fascismo decide conduzir um golpe.”
O presidente chileno, Gabriel Boric, disse que o governo de Lula tem seu total apoio “diante deste ataque covarde e vil à democracia”.
Em Washington em 2021, os apoiadores de Trump atacaram a polícia, romperam barricadas e invadiram o Capitólio em um esforço fracassado para impedir a certificação do Congresso da vitória eleitoral de Joe Biden em 2020.
Trump, que anunciou uma terceira candidatura à presidência, em 2024, pressionou seu vice-presidente, Mike Pence, a não certificar o voto, e continua afirmando falsamente que a eleição de 2020 foi roubada dele por meio de fraude generalizada.
Em Brasília, houve pelo menos três relatos de manifestantes agredindo jornalistas, segundo o Sindicato dos Jornalistas de Brasília, que citou relatos não confirmados.

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